sexta-feira, 4 de março de 2011

A importância da TI para o processo produtivo

A importância da TI para o processo produtivo

Docente: Gilmar Santos
Discentes: Edimarcos Neves Fernandes
                     Edson de Oliveira Viana


INTRODUÇÃO

Com o mercado competitivo atual e a rapidez das mudanças nos processos empresariais, faz-se necessário melhorar e aperfeiçoar os processos internos das organizações. Deste modo, as Tecnologias da Informação (TIs) se apresentam como uma forte aliada para suprir esta demanda. Gonçalves (2000) reforça essa visão afirmando que a TI é especialmente focada na abordagem de processos, pois é utilizada na automatização de tarefas, na execução de atividades e em variadas formas de apoio e gestão dos próprios processos.
Segundo Davenport (1994), para incorporar as TIs de forma adequada, aqueles que planejam os processos devem, primeiramente, compreender esta tecnologia. Ressalta-se que os processos são entendidos como conjuntos de atividades e são determinados por tempo e espaço, com entradas e saídas bem definidas. Considerando estas características, para haver uma melhora nos processos a partir do uso de TIs, é preciso identificar quais tecnologias poderão suprir as necessidades de cada processo em específico.

PROCESSOS
Processos são um conjunto de atividades realizadas em determinada seqüência, com entradas e saídas, para atingir um determinado fim. Conforme Gonçalves (2000, p.7) “processo é qualquer atividade ou conjunto de atividades que toma um input, adiciona valor a ele e fornece um output a um cliente específico”. Assim, pode-se dizer que processos são as ações efetuadas para que um produto ou um serviço seja realizado.
Gonçalves (2000, p.10) ainda complementa que além de inputs e outputs, um processo “também envolve endpoints, transformações, feedback e repetibilidade”, pois a utilização de todos estes atributos auxiliam e potencializam a sua análise e gestão, para que desta forma, os processos possam ser otimizados e aperfeiçoados, buscando assim, alcançar uma vantagem competitiva sustentável dentro do mercado globalizado atual.

Os processos de negócios

São aqueles que caracterizam o que a organização faz, sendo o seu resultado o produto (ou serviço) que é entregue ao cliente. São ligados à base do funcionamento da empresa. Já os processos organizacionais e os gerenciais dizem respeito à informação e decisão. Os processos organizacionais objetivam assegurar o desenvolvimento e funcionamento de todos os processos da organização. E os processos gerenciais têm atuação na mediação e adequação do desempenho da organização. Estes envolvem as ações que os gerentes devem efetuar para dar suporte aos outros tipos de processos (GONÇALVES, 2000).
Para acompanhar e gerenciar os processos, sejam eles de negócio, organizacionais ou gerenciais, é possível utilizar Tecnologia da Informação (TI). A TI ainda pode ser utilizada para automatizar a execução de tarefas e atividades, objetivando com isso, otimizar o processo de negócio da organização, reduzir custos, agilizar o tempo de ciclo, entre outros.
A introdução da TI nos processos iniciou-se na década de 60 por meio do uso de computadores nas grandes corporações. Os primeiros sistemas de informação voltados aos negócios foram os EDPs (eletronic data processing) - sistemas de processamento em lotes, ou simplesmente conhecidos como sistemas batch.
Na década de 70 foram desenvolvidas as soluções OLTP (on-line transaction processing), sendo que estas “agregavam valor em termos de eficiência no atendimento aos processos de negócios”, pois atendiam questões de fluxo de trabalho de forma mais completa (DE SORDI, 2008, p. 93).
A grande inovação que aconteceu nos processos de negócios foi com a introdução da Internet. De Sordi (2008, p.97) afirma que a padronização de interfaces homem-máquina no ambiente Internet facilitou a coleta e a entrega de informação em qualquer localidade, atendendo públicos abrangentes de usuários, independentemente de restrições de plataformas tecnológicas. As primeiras soluções Internet receberam o nome genérico de e-business, uma vez que as soluções voltadas apenas o público interno da empresa eram rotuladas de intranet e as soluções para público de extranet. Posteriormente, surgiram soluções de portais atendendo tanto o público interno quanto externo e, como o próprio nome sugere, sua proposta é integrar o acesso de todos usuários por meio de um ponto comum.
A internet pode atender diferentes demandas para auxiliar os processos, desde aplicações de texto, passando por disseminação de informações até demandas mais complexas, tais como o gerenciamento de processos. Assim, “o ambiente de informações das empresas está cada vez mais diversificado”, utilizam sistemas transacionais on-line, sistemas batch para automatização de atividades, sistemas integrados e configuráveis, bem como diversos tipos de web applications. Assim, as Tecnologias da Informação além da automatização de atividades, oferecem também subsídios valiosos para gerenciar os processos de uma organização.
Deste modo, a tecnologia assume um papel importante na análise do estudo dos processos empresariais, considerando que ela exerce influência tanto na forma de realizar o trabalho como na forma de gerenciá-lo. Segundo Gonçalves (2000a, p.18) “a tecnologia é considerada a ferramenta do redesenho de processos por excelência”. Conforme De Sordi (2008, p. 102) “a identificação de eventos ao longo do processo, em tempo real, é um importante fator de negócio” e isso somente é possível devido ao processo de gerenciamento estar ligado aos softwares que executam os processos de negócio.
Outro impacto devido a utilização da TI nas empresas está na facilidade de controle das informações em um só centro. Como Lacombe e Heilborn (2003, p.483) explicam, a empresa pode possuir centros espalhados geograficamente, porém integrados através de uma rede de computadores permitindo a participação de maior número de pessoas nas reuniões, eliminando custos referentes a viagens, maior integração entre as unidades, sem perda de autonomia, além de tornar a comunicação mais fácil e ágil.

Portanto as implantações de Tecnologia da Informação para o apoio do processo de produção trouxeram benefícios para as organizações em diversos aspectos. Um dos fatores que reduziu de maneira significativa foi o custo da comunicação. A implantação de tecnologias ainda permitiu a minimização de erros. Por exemplo, os erros de comunicação diminuíram, uma vez que o software instalado é utilizado de forma colaborativa e todos podem acompanhar as mudanças realizadas em tempo real.

REFERÊNCIAS

DAVENPORT, Thomas H. Reengenharia de processos. Trad. Waltensir Dutra. Rio de Janeiro: Campus, 1994.

DE SORDI, José Osvaldo. Gestão por Processos: uma abordagem da moderna administração. 2ª. Ed. São Paulo: Saraiva, 2008.

GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4ª ed. São Paulo: Atlas, 2002.

GONÇALVEZ, José Ernesto Lima. As empresas são grandes coleções de processos. In: REA – Revista de Administração de Empresa. São Paulo: vol. 40, N.1, p. 6-19, Janeiro-Março 2000.

GONÇALVEZ, José Ernesto Lima. Processo, que processo? REA – Revista de Administração de Empresa. São Paulo: v. 40, N.4.Outubro-Dezembro 2000, p. 8-19.

LACOMBE, F. e HEILBORN, G. Administração, Princípios e Tendências. 1ª edição. São Paulo: Saraiva, 2003.

VARVAKIS, Gregório Jean; et al. Gerenciamento de Processos. Apostila da Disciplina Gerenciamento de Processos. Florianópolis: Grupo de Análise de Valor /UFSC, 2000.

RAMPAZZO, Lino. Metodologia científica: para alunos dos cursos de graduação e pós-graduação. 3. ed. São Paulo: Loyola, 2005.

A importância da TI nas Organizações

A TI nas Organizações 
Docente: Gilmar Santos
Discentes: Edimarcos Neves Fernandes
                     Edson de Oliveira Viana

Introdução

A história da organização iniciou-se há muitos anos quando o homem, que somente vivia par a o seu dia-a-dia evoluiu de acordo com as suas necessidades, com isso verificou que existia a necessidade de controlar sua produção, iniciando assim as idéias de planejamento, organização e direção administrativa.  Diante desse progresso a sociedade se viu na necessidade de criar regulamento e organizações para fazer a proteção das pessoas e acordos.
O avanço das tecnologias na área da informática, fez com que a grande maioria das empresas enfrentasse desafios relacionados às rápidas transformações ocasionadas pela velocidade com que são gerados os conhecimentos. 

A era da Alta Velocidade de transmissão

Há alguns anos atrás nem se falava em rede de relacionamento onde pessoas pudessem trocar dados pelo simples toque das teclas de um computador, onde cada vez fica mais rápida a velocidade de transmissão desses dados. Bem como a era atual é marcada pela alta velocidade com que as mudanças acontecem, sendo elas em todas as áreas da vida humana, fazendo influenciar no fenômeno que costumamos chamar de globalização, que não pode ser negada. Uma das características mais marcantes desse processo é o grande fluxo de informações, decorrentes da aparente redução dos limites territoriais e dos avanços tecnológicos e científicos mundiais.
A popularização dos computadores e o desenvolvimento da tecnologia, fez com que a informática adquirisse outro significado, que até então tinha o sentido de transmissão de dados. Hoje em dia essa informação tem um sentido que está associado, à velocidade, à tecnologia, ao tempo e ao espaço. As noções de tempo e espaço se alteram radicalmente com o aperfeiçoamento das telecomunicações e com a vinda das novas tecnologias da informação.
Vantagens e Desvantagens da TI

A implantação da TI nas organizações traz um beneficio que é a informação  no centro do foco, sendo ainda recurso fundamental para a tomada de decisões pertinentes, de melhor qualidade e no momento adequado, no projeto e introdução no mercado de produtos e serviços de qualidade. Para Porter (2001), a Internet provocou uma transformação irreversível na relação da empresa com as partes interessadas.
Ao se manter conectado à rede mundial de computadores representa ao mesmo tempo uma desvantagem (pela maior exposição das informações), mas, também uma grande vantagem pela agilidade, redução de gastos de armazenagem e custos das transações, permitindo ainda que a organização enxergue melhor o mercado e possa reagir mais rapidamente às oscilações de oferta e procura.

A importância da TI nas organizações

Nesse novo cenário a TI vem tendo sua cota de importância dentro das organizações, pois o avanço tecnológico traz cada vez mais beneficio para as pessoas e empresas. Aos poucos ela começou a enriquecer todo o processo organizacional, auxiliando na otimização das atividades, eliminando as barreiras de comunicação.     

Independente do tipo de organização privada ou pública a TI tem sido uma ferramenta fundamental para o administrador, possibilitando orientá-lo em suas decisões. O desenvolvimento e o domínio das habilidades da Tecnologia da Informação é de vital importância para as organizações buscarem uma posição melhor no mercado em relação aos seus concorrentes, buscando sempre por inovações. Em contrapartida, as organizações que resistirem à economia da informação serão facilmente vencidas pela concorrência.
Portanto a tecnologia da informação, sozinha não é capaz de trazer ganhos para os negócios da organização, para que ela dê resultados efetivos, é necessário que a empresa tenha uma estratégia de negócio. Bem como os investimentos em TI devem estar diretamente associados a um objetivo organizacional, para que este possa contribuir para o alcance de suas metas.


REFÊNCICAS


PORTER, Michael E. “Strategy and the Internet”. Harvard Business           Review, p.63- 78.  Mar.2001.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Resenha Crítica

UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO
CAMPUS XII - GUANAMBI - BAHIA



DOCENTE: Warley Andrade
DISCENTES: David Xavier Souza Júnior
                       Edson de Oliveira Viana
                       Jairo Vieira da Silva
                       Rogério Brito Santana Pires
TURMA: Administração – 2º Semestre
DATA: 29/03/2010

Resenha Crítica

COURTINE, Jean-Jacques. O desaparecimento dos monstros. In MIRANDA, Danilo Santos de (org.). Ética e cultura. São Paulo: Perspectiva: SESC São Paulo, 2004. p. 157-168.

Jean-Jacques Courtine é Doutor em Lingüística pela Universidade Paris X - Nanterre, professor de Lingüística, Cultura e História das Mentalidades, na Universidade da Califórnia, Santa Bárbara, EUA. Vencedor do prêmio Psyche, na categoria História da Medicina e Psiquiatria - Paris, 1988. Co-autor da obra Histoire du Corps XVI – XXe, (Seuil,Paris) dentre outras.
O texto O Desaparecimento dos Monstros, escrito pelo autor Jean-Jacques Courtine, retrata as exibições de monstros humanos em feiras populares que ocorriam no século XIX, consideradas verdadeiros espetáculos, os quais despertavam a curiosidade das pessoas em olhar as deformidades humanas, exibições estas que mudavam a rotina cotidiana das grandes cidades pelas quais passavam tais atrações. Existia, naquela época, uma curiosidade pública em ver tais deformidades corporais, encaradas como erros ou acidentes da natureza. Tal fato impulsionou o investimento no mercado de monstros, visto que o mesmo era bastante lucrativo. Esse tipo de negócio proporcionou um vasto campo de experimentação para a indústria do divertimento de massa, fazendo com que empresários capitalistas modernos visualizassem um enorme potencial e tornassem esses espetáculos um mercado de massas, marcado pela curiosidade das pessoas em olhar as ditas aberrações humanas. Porém, com o passar do tempo, o público, que outrora, lotava os espetáculos dos monstros, não contemplava mais tais atrações, já que não satisfaziam mais suas necessidades psicológicas, que se caracterizavam pela curiosidade do olhar. Em virtude disso, estes espetáculos, aos poucos, foram tornando-se banais.
Os olhares das pessoas buscavam, então, novos estímulos visuais, o que desencadeia o desenvolvimento de uma indústria de entretenimento recheada de tecnicismo e modernismo, que culmina na invenção do cinema. Em decorrência desses acontecimentos, os monstros saíram das exibições em palcos das feiras populares para as telas do cinema. Essa transferência dos espetáculos das feiras populares para as telas de cinema foi desencadeada por Disney, a partir do momento que este introduziu seres inanimados, que na realidade, eram formas humanas misturadas com animais. Em decorrência disso, as monstruosidades humanas foram substituídas por estes seres criados por Disney. O texto também retrata que, no decorrer da história que envolve as exibições de seres dotados de deformidades humanas, ocorre uma mudança de percepção e sensibilidade do público em relação à exposição dessas monstruosidades humanas, tendo em vista que, as mesmas passaram a não ser encaradas com tanta naturalidade, já que o público passou a chocar-se com tais exibições, não mais tolerando tais espetáculos.
Outro ponto tratado no texto diz respeito às mudanças ocorridas no século XIX, em relação às monstruosidades humanas, que passam a fazer parte da literatura e do teatro, encenando enredos caracterizados pelo romantismo entre estes seres e as pessoas ditas normais. Dentro do contexto desse tipo de obras, o autor cita O Corcunda de Notre-Dame, que retrata a história de um homem de feições deformadas, membros destorcidos, porém sensível às manifestações da beleza em todas as suas nuances. Este homem vive na escuridão, assombrando as torres de Notre-Dame de Paris, e sofre muito por sua imposta solidão. No entanto, no desenrolar da obra, ele apaixona-se por uma mulher. Surge, então, uma relação romântica, que é considerada impossível, em virtude das diferenças existentes entre os dois. Essa relação romântica impossível é o que marca a obra.
Ao saírem das praças públicas, as criaturas tidas como aberrações humanas tornaram-se, então, alvos da ciência, visto que passaram a ser objetos da investigação científica de médicos, naturalistas, antropólogos, dentre outros profissionais das ciências humanas. Surgiu com isso uma literatura teratológica, isto é, voltada para o estudo das monstruosidades. Isso fez com que os monstros saíssem da vida pública e passassem a viver confinados, permanecendo em constante observação. Este fato proporcionou descobertas científicas que levaram a crer que os monstros eram dotados de alma, eram humanos. Manifestava-se, com isso, um sentimento humano, uma sensibilidade de perceber que os monstros viviam em uma grande e absurda miséria.
É possível constatar que, já no início do texto, o autor Jean-Jacques Courtine apresenta questionamentos sobre o universo que gira em torno da relação que os seres humanos têm com o corpo, fato este o qual culmina com uma pesquisa histórica a qual objetiva desvendar o que modificou o comportamento das pessoas, as quais antes tinham curiosidade em dirigir o olhar em direção às deformidades humanas, mas, ao longo da história, tal comportamento foi se transformando, e os indivíduos não mais tinham o mesmo interesse e curiosidade em atentar-se para tais monstruosidades, pelo contrário, desviavam imediatamente a sua atenção quando se deparavam com tais aberrações da natureza, demonstrando constrangimento.
Segundo a ótica do autor, tal modificação no comportamento das pessoas está relacionada à mudança da reflexão ética sobre o corpo. Realizando-se uma análise dos costumes e comportamentos que norteiam a sociedade do século XIX, pode-se constar que, naquela época, não havia preocupação com a estética corporal, não havia hábitos que buscassem a perfeição ou melhoria da estética do corpo. Os indivíduos que integram a sociedade do século XIX não possuíam essa preocupação exagerada com a forma, a saúde e a beleza. Por isso, não se constrangiam em olhar para os monstros humanos, exibidos em praça pública para a diversão da população. A população daquele tempo buscava suprir suas necessidades psicológicas em ver tais deformidades tidas como aberrações, simplesmente, para matar a curiosidade de seus olhares. Porém, as mudanças na sociedade modificaram esse tipo de comportamento, já que as exibições não mais fazem parte de nosso cotidiano ou do conjunto de atrações e entretenimento, as quais a sociedade assiste para divertir-se.
A forma, a saúde, a beleza tornaram-se, ao longo da história, uma obsessão generalizada, fato este que ocasionou o surgimento da relação ética com o corpo. É interessante observar e verificar que as pessoas perderam o interesse em olhar tais deformidades, passando, então, a assustar-se com tais deformações humanas ao passo que foram estabelecendo-se na sociedade, hábitos e costumes que demonstravam a preocupação com a estética do corpo, a busca pela beleza estética e pela forma ideal do corpo.
Devido a essas modificações no comportamento dos indivíduos, o interesse e a curiosidade em olhar deformidades humanas desapareceram. As necessidades psicológicas que motivam a curiosidade das pessoas em olhar são outras, já que, atualmente, os indivíduos da sociedade estão mergulhados numa rotina de vida na qual são constantemente bombardeados por propagandas que focalizam a estética corporal, mostrando mulheres sensuais, quase que desnudadas, em situações totalmente apelativas, que demonstram uma mudança de valores éticos e culturais nos quais a sociedade mergulhou sem pensar. Jean-Jacques Courtine expressa esse ponto de vista, pois para ele

[...] O sentimento da vida citadina é, dessa forma, acompanhado pela imersão num universo visual onde os olhos dos transeuntes são solicitados e orientados, como nunca antes haviam sido, por dispositivos inéditos que transformam profundamente as maneiras de ver, deslocando a posição do sujeito que observa, multiplicando os ângulos da curiosidade, modificando progressivamente os apetites visuais do público e preparando os olhares do público para um outro exercício [...].

Dentro dessa perspectiva de perda de valores éticos que hoje circunda a sociedade, pode-se observar o quanto o corpo é ostentado e proporciona um lucro imenso em face da valorização da imagem estética que envolve a sociedade atual. É fundamental, realizar-se um comparativo entre os lapsos temporais: antes, o que era visto como deformidade humana era o atrativo visual para a população e também o que gerava lucro, porém era um lucro que não ia para os bolsos de quem estava sendo exposto, já que era considerado um objeto humano que vivia em profunda miséria, mas para quem o empresariava; hoje, a imagem estética é um aspecto de grande relevância dentro da sociedade, que está em evidência e é considerado o grande atrativo visual do momento, o que proporciona grande lucro para as pessoas que são dotadas de uma bela aparência, fatores estes que motivam uma cultura estética na busca pela perfeição das formas corporais, criando, então, hábitos e costumes voltados para este interesse. A partir do momento que surge esta cultura estética na sociedade, e levando-se em consideração que as mídias de comunicação influenciam atitudes e comportamentos, sendo, portanto, fortes formadoras de opinião, são estabelecidos padrões de beleza corporal e estética os quais passam a ser referências e alvos a serem atingidos por todos aqueles que cultuam o corpo.
Outro ponto analisado pelo autor é a falta de entretenimento existente naquela época, que era um fator tão marcante no século XIX que bastava uma simples feira com a exposição de diferentes atrativos, para que a população se mobilizasse em torno de tal acontecimento, fato este que chamava a atenção de todos para esse evento recheado de excentricidades, e ao mesmo tempo, ofuscava o interesse da sociedade para problemas de maior relevância, contribuindo, então, para a alienação de grande parte da população.
Considerando que a sociedade sofria de uma acentuada falta de informação sobre as deformidades humanas, percebe-se, nas entrelinhas do discurso de Jean-Jacques Courtine, a existência de um comportamento inocente, porém, ao mesmo tempo, desumano, podendo até definí-lo como incoerente, tendo em vista que ali se encontravam pessoas que tinham sentimentos e sofriam por não serem “normais”, a ponto de serem taxadas de monstros,
  
[...] Esta curiosidade que, há tanto tempo, exercia-se com uma espécie de alegre inocência, tornou-se suspeita, e seus prazeres foram considerados mórbidos: a ciência dos monstros, pacientemente elaborada pelo século XIX, vai reivindicar a posse de seus objetos, destituindo tal curiosidade de qualquer legitimidade “científica” que ela porventura ainda atribuísse a si mesma [...].


Os monstros, os quais a sociedade da época se referia, eram, na verdade, seres que sofriam com uma deformidade proveniente de um acidente da natureza, mas “os monstros têm uma alma, são humanos, terrivelmente humanos”. Esse paradigma, que girava em torno das pessoas que nasciam com tais deformidades e as levava a serem consideradas monstros humanos, foi rompido pela evolução da Medicina, tendo em vista que seus estudos científicos comprovavam que tais ocorrências são originárias de problemas genéticos, os quais, na atualidade, já podem ser resolvidos ou amenizados a partir da realização de cirurgias e procedimentos médicos altamente avançados, gerando um conforto psicológico e visual para aqueles que sofrem de tais deformidades.
 Paralelo às descobertas científicas que surgiram a partir do século XIX, quando os monstros saíram das feiras populares, e passaram a ficar confinados como objetos de observação científica para médicos, antropólogos e outros cientistas, observa-se que emergiu um sentimento de compaixão por tais criaturas, a partir do momento em que as análises científicas constataram que eles eram dotados de alma. Este fato juntamente com a insurgência da compaixão popular por tais seres contribuiu para que fosse formada, ao longo do século, a noção de deficiência, a qual passou a caracterizar os seres que nasciam com tais deformidades como deficientes, e não mais como monstros humanos.
Atrelado a esses fatos, é possível se constatar na sociedade uma grande mobilização no sentido de incluir socialmente os indivíduos deficientes, envolvendo entidades governamentais e não-governamentais, que realizam intensos movimentos de inclusão, que buscam demonstrar o quanto a sociedade tem evoluído em relação a esse assunto. Porém o comportamento da população demonstra uma forte contradição: é possível verificar que ações de inclusão social voltados para os deficientes e a aceitação dos monstros humanos como deficientes são um mero paliativo, já que a presença física de tais criaturas ainda perturba a população. É notório perceber que as pessoas que nascem com deformidades físicas, mesmo que tais problemas sejam explicados cientificamente, ainda não são totalmente tolerados e aceitos pela sociedade. Apesar das pessoas negarem publicamente que são preconceituosas em relação a tal situação, observa-se que ao estar na presença física de pessoas deficientes, grande parte da população não as encara com naturalidade, buscando sempre desviar o olhar direto, demonstrando certa repudia, confirmando, então, a perturbação em encarar tais deformidades humanas.
Tal fato demonstra o recalque que a sociedade possui em encarar tais seres com naturalidade, mas também enfatiza a existência da hipocrisia dentro da mesma, tendo em vista que dissemina um sentimento de compaixão para com as pessoas portadoras de deficiências, porém, em contrapartida, suas atitudes não condizem com o que pregam. Essa contradição também é questionada pelo autor quando o mesmo afirma que:

[...] o paradoxo desta compaixão dirigida ao corpo monstruoso ou disforme, e, em termos gerais, da compaixão que presidiu a elaboração da noção de “deficiência” ao longo do século: do amor por ela manifestado aumenta em proporção ao distanciamento do objeto. O monstro pode proliferar na distância virtual das imagens e discursos, mas sua proximidade carnal perturba. Compreendemos assim o constrangimento coletivo dos passageiros daquele vagão: com a súbita irrupção do monstro, não puderam escapar da desagradável experiência do retorno do recalcado.

O texto de Jean-Jacques Courtine é caracterizado por uma complexidade textual, marcada pela utilização de um vocabulário rebuscado, fato este que obriga o leitor a realizar inúmeras releituras para que possa compreender e identificar os pontos que o autor pretende enfocar. Isso demonstra o quão exigente é Jean-Jacques Courtine em relação ao seu público leitor, tendo em visto que o uso de uma linguagem altamente complexa define que não é qualquer um que lê e compreende sua obra. Percebe-se, então, que o autor deseja que o leitor mergulhe na problemática que é relatada nas linhas, e principalmente, nas entrelinhas, para que, então, consiga atingir a mesma linha de raciocínio a qual delineou o conteúdo da obra. A partir daí, o leitor poderá tecer comentários com criticidade e propriedade, características somente alcançadas por aqueles que conseguem aprofundar-se no texto de Jean-Jacques Courtine.
Considerando-se a profundidade com que o autor aborda a problemática da relação ética com o corpo, enfatizada no texto pela mudança de comportamento da sociedade em relação aos seres portadores de deficiência, no passado, considerados monstruosidades humanas, hoje, deficientes; é oportuno relatar que tal obra permite a reflexão sobre determinados comportamentos e atitudes existentes na sociedade os quais são camuflados e disfarçados de tal forma a não perceber a perturbação que tais criaturas dotadas de deformidades ainda causam, mesmo havendo um enorme movimento no sentido de incluí-los socialmente. Tal reflexão é relevante para a sociedade, tendo em vista que torna transparente tais comportamentos e atitudes, os quais são contraditórios em relação a o que a sociedade prega. Além disso, a discussão sobre tal problemática desperta a atenção para como determinados valores sociais e éticos devem ser tratados, ao invés de serem colocados de lado, simplesmente, esquecendo-os ou ignorando-os.
Portanto, é mister colocar que a leitura do texto contribui para a formação de uma consciência a respeito da relação ética com o corpo, permitindo que os indivíduos da sociedade percebam o quão desumanas ainda estão sendo suas atitudes em relação aos seres considerados desprovidos de normalidade física, tido como deficientes, atitudes estas que são mascaradas com tentativas de inclusão social, mas, que no fundo, são desprovidas de compaixão, já que, a proximidade de tais seres causam sentimentos de perturbação, caracterizando uma imensa hipocrisia na qual a sociedade ainda se encontra mergulhada.







História De Agua Quente-Ba

Érico Cardoso, conhecida por Água Quente, encontra-se ao lado esquerdo do seu mais importante rio, o Rio Paramirim. Cidade pequena, de povo simples e acolhedor. Estar incrustada entre belas serras, no Sudoeste Baiano, na Chapada Diamantina. Tem um clima agradável. E em tempo de festejos juninos um friozinho gostoso. 
    O nome antigo da cidade, Água Quente, se deu pelo fato do poço termal, Poção, que conserva seu liquido sempre na casa dos 27 graus. Outra curiosidade desse poço é que sua vazão nunca se altera, corre sempre a mesma quantidade de água, que a poucos metros, dez ou vinte no máximo, penetra no Rio Paramirim seguindo juntos até a foz, no Rio São Francisco.
    Além do Poção, outras belezas naturais chamam a atenção por seus vastos encantos. O famoso Rio Paramirim, que nasce nas encostas do gigante Pico das Almas e corre por quatorze municípios antes de abraçar o lendário Velho Chico. No seu trecho, que passa pelas terras fértil desta linda cidade, perto do Angico encontra-se o Poço da Espingarda, local maravilhoso para um feriado e um piquenique; por esse trecho andaram em tempos remotos os Índios Tapuios, seus vestígios estão em algumas paredes de rocha em forma de pinturas, já bem danificadas pelas mãos pesados dos homens brancos. Descendo os povoados da Cachoeirinha e Cachoeirona, após a ponte da BA 156, indo de encontro a Paramirim têm-se os Balaios, nele há uma pequena queda d’água e várias piscinas feitas na rocha pelo atrito de milhares de anos com a água. Outro rio muito importante para o município é o que desce do Morro do Fogo e que carrega esse mesmo nome. Desce do alto da serra, corta serras, encontra o vale e deságua no Rio Paramirim. Nele encontra-se a famosa Cachoeira do Major. Também na sua grandiosa amplitude hídrica podemos contar outros rios, o Rio da Barra, o Rio do Pires e o Rio da Caixa.
    Seu emaranhado de serras é de impressionar, a do Cruzeiro fica a oeste olhando com seu topo branco para a sede, ao lado como uma escada outros dois degraus, um maior que o outro. Serra dos Sete Morros, Serra das Almas, Serra do Itobira e Serra do Barbado são, juntas com a do Cruzeiro, as de beleza maior.
    A sua festa de destaque acontece no mês de junho em louvor a São João. Uma característica marcante e que vem de longas datas fica por conta das inúmeras fogueiras, cada residência possui a sua. Outras que merece destaque: “Reisados: 01 a 06 de janeiro; Aniversário da cidade: 07 de abril; Romaria de Nossa Senhora do Carmo do Morro do Fogo: 14 a 17 de julho; Independência do Brasil: 07 de setembro”.
    Data-se do século XVIII a chegada dos primeiros homens de raça que não era as dos índios nesta região. Eles vinham em busca do ouro. Seguiam o leito do Rio das Contas e ao adentrar na Serra do Morro, no leito do seu rio encontraram bastante minério amarelo em aluvião. Mais tarde, com o declínio do ouro fácil emendaram a cavoucar as serras em busca das filas de ouro. Uma herança deste tempo pode ser vista no povoado do Morro do Fogo, chama-se Gruta do Pereira, cavada pelo habitante de mesmo nome.

Área: 701.25 km2.
População: 12.458 habitantes.
Coordenadas Geográficas: 13°25’ Latitude Sul; 42°08’ Longitude Oeste.
CEP: 46180-000
DDD: 77
Estrada de Acesso: BA 156. 
Clima: Seco e Sub-úmido.
Temperatura: 25°C.
Período Chuvoso: Novembro a Março.